Tarte de chocolate cremosa ( vegan, sem glúten nem acúcar)

13 de novembro de 2021

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Apesar de parecer que o blogue está morto, acreditem, não está. Há no entanto, alturas na vida em que temos de abdicar de algumas coisas para dar atenção a outras mais prioritárias, e esta é uma delas.
O bicho do estudo falou mais alto e neste momento voltei à faculdade. A coisa complica quando se trabalha, estuda e ainda se tem um blogue e workshops para dar. Vem a parte difícil de escolher o que tem que ficar para segundo plano, daí a demora na partilha de novas receitas.
É uma fase, e como todas as fases daqui a pouco já passou.
Mas vamos ao que interessa, porque a espera por uma nova receita valeu a pena. Este é um daqueles retornos em grande!  


Se já deslizaram para baixo e viram as fotos, devem neste momento estar a salivar. Não é caso para menos, esta uma daquelas receitas que se tem mesmo que fazer.
Gosto deste tipo de sobremesas que são algo entre uma tarte e um semifrio, sobretudo pela simplicidade e rapidez com que se fazem. 
A base não precisa de forno, basta apenas picar tudo, e o recheio é igualmente fácil de preparar.
Mas sobretudo o que é incrível nesta tarte é a textura e o sabor.
É suave como a seda, cremosa, rica, com o sabor a chocolate sem ser demasiado intenso.




O segredo desta receita é um ingrediente muito especial: tofu sedoso. Não se assustem com a palavra tofu, acreditem, vale a pena dar a oportunidade. Quem segue o meu trabalho ou já foi a um dos meus workshops de pastelaria, sabe do que estou a falar. Costumo achar graça à desconfiança inicial nos participantes quando digo que vamos utilizar tofu na sobremesa, mas no final não há ninguém que não fique absolutamente rendido. 

O tofu utilizado nesta receita não é o normal, é o tofu sedoso ou silken tofu. É realmente maravilhoso para usar em sobremesas porque tem uma textura sólida mas cremosa, tornando-o perfeito como base de recheios, cremes ou mousses.
É uma excelente alternativa às natas, ao creme de coco e aos queijos creme. Também é relativamente isento de sabor, por isso não irá alterar o resultado final. 
Nutricionalmente é muito interessante porque é rico em proteínas e pobre em gordura saturada, sendo por isso uma opção bem mais saudável.
A pergunta que mais me fazem acerca deste tofu é onde o encontrar. Este tofu não precisa de frio porque vem embalado em tetra-pack. No entanto algumas lojas guardam-no no frigorífico juntamente com os outros tofus. Costumo encontrá-lo em supermercados biológicos, ervanárias e até online. Algumas lojas de produtos alimentares asiáticos também têm, já que é muito utilizado na culinária japonesa.
Não existem muitas marcas disponíveis em Portugal, que eu saiba só conheço duas, a Clearspring e a Mori-nu ( não tenho qualquer interesse comercial ao mencioná-las ).

A beleza desta receita é que ela é muito versátil e há várias maneiras de variar quando servir. Aqui estão algumas ideais:
- Cubra com um pouco de chocolate ralado extra
- Cubra com chantilly de coco (veja aqui como fazer
- Cubra  por cima pedaços de frutos secos torrados ou caramelizados 
- Combine com frutos vermelhos
Pode servir de duas maneiras: fria ou tipo gelado. Experimentei as duas e qualquer uma fica maravilhosa. Se a servir gelada, deixe um pouco à temperatura ambiente para ser mais fácil cortar.
A receita é muito simples como poderá ver abaixo, tem no entanto alguns pontos importantes, por isso leia até ao fim antes de ir a correr experimentar.


Tarte vegan de chocolate

Para a base:

60 g de tâmaras (pesadas sem caroço)
15g de óleo de coco derretido
70g de amêndoas / cajus / avelãs
20g de geleia de arroz ou de agave
70g de flocos de aveia

Coloque as tâmaras de molho com pouca água, durante 20 a 30 minutos.
Forre o fundo de uma base de mola se 15 cm de diâmetro com papel vegetal ou então unte-a com óleo de coco. Isto vai facilitar  quando desenformar.
Retire as tâmaras da água mas não a deite fora, pode ser necessária.
Numa picadora ou num processador, coloque os frutos secos e os flocos de aveia e pique até estarem finos, mas não em farinha.
Junte as tâmaras e a geleia e pique tudo até obter uma massa que se solta das paredes do processador. Se necessário junte um pouco da água da demolha das tâmaras para facilitar o processo, mas não junte demais para não ficar mole.
Forre o fundo da forma com esta mistura, compactando bem.
Coloque no frigorífico.


Para o recheio:

440g de tofu sedoso escorrido ( duas embalagens de 300g)
200g de chocolate com 70% cacau
40g de xilitol
1 colher de chá de extracto de baunilha

Escorra o excesso de água do pacote de tofu sedoso. Este passo é de extrema importância para conseguir uma boa textura. Coloque o tofu num coador de rede e deixe a escorrer durante pelo menos 20 minutos. Aperte-o ligeiramente de vez em quando para soltar mais água.
Derreta o chocolate em banho-maria no fogão ou se quiser no microondas.
Coloque o tofu, o chocolate derretido e os restantes ingredientes do recheio num processador ou numa liquidificadora e processe tudo até obter uma consistência suave e cremosa.
Despeje a mistura de chocolate na base da tarte e use uma espátula para alisar a superfície.
Coloque no frigorífico pelo menos  durante 4 horas.
Para desenformar, passe uma faca ao redor da tarte antes de a retirar da forma de mola.
Se desejar, cubra com extras como chocolate ralado, frutas vermelhas ou chantilly vegan antes de servir.
Guarde a tarte no frigorífico durante 4 dias ou então congele.

Se quiser decorar com chantilly vegan de coco, veja aqui como fazer


NOTAS IMPORTANTES:

- Esta tarte deve ser feita no dia antes de ser servida, para que possa ter tempo de solidificar totalmente.
- As tâmaras usadas devem ser preferencialmente Medjool. Também pode substituir por figos secos.
- A geleia de arroz pode ser substituída por geleia de agave, xarope de ácer ou mel.
- O tofu usado deve ser o sedoso. O tofu normal não tem o mesmo efeito.
- O xilitol pode ser substituído por açúcar de coco ou açúcar normal se quiser. O açúcar de coco irá alterar ligeiramente o sabor. Nutricionalmente o xilitol é mais interessante sendo pouco calórico e com baixo índice glicémico.

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